Muito além da tristeza, a depressão é uma doença. Que vem rodeada de estereótipos e prejulgamentos.
Mas, além do raso, a depressão é um transtorno mental que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Muitos mesmo, de acordo com pesquisas, cerca de 18% das pessoas vão apresentar depressão em algum período da vida.

Contudo, por tratar-se de uma doença psicossomática. Isto é, doenças que podem ocasionar problemas emocionais e possuem ligação direta entre a saúde emocional e a física.
Ou seja, quando o sofrimento psicológico, de alguma forma, acaba causando ou agravando uma doença física.
Mas quando e como a depressão sai do campo emocional e começa a se refletir no corpo?
Vamos entender neste artigo, quando o corpo fala e quais são as expressões da depressão nesses casos .

Quais são os sintomas de depressão?

Como já falamos depressão vai além da tristeza, ela se caracteriza por um estado de tristeza persistente, perda de interesse ou prazer nas atividades que antes eram agradáveis.
Além disso, englobam também sentimentos de culpa, baixa autoestima, dificuldade de concentração, alterações do sono e do apetite, cansaço, falta de energia e pensamentos suicidas.
Mas a depressão não afeta apenas o humor e a mente, ela também pode causar diversos problemas no corpo.

Os sintomas de depressão podem variar de pessoa para pessoa, mas alguns dos mais comuns são:

• Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias
• Diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
• Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta
• Insônia ou hipersônia
• Agitação ou lentidão psicomotora
• Fadiga ou perda de energia
• Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada
• Dificuldade para pensar, se concentrar ou tomar decisões
• Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida, tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio

Para ser diagnosticado com depressão, é preciso ter pelo menos cinco desses sintomas por pelo menos duas semanas, e que eles causem sofrimento ou prejuízo significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida.

O que a depressão pode causar no corpo?

A depressão pode afetar vários sistemas e órgãos do corpo, como o sistema imunológico, o sistema cardiovascular, o sistema digestivo, o sistema nervoso, o sistema endócrino e o sistema reprodutivo.
Alguns dos efeitos da depressão no corpo são :

• Diminuição da imunidade: a depressão pode reduzir a capacidade do corpo de combater infecções e doenças, aumentando o risco de contrair gripes, resfriados e outras infecções.

• Aumento da inflamação: a depressão pode aumentar os níveis de citocinas pró-inflamatórias no sangue, que são substâncias que desencadeiam processos inflamatórios no corpo. A inflamação crônica pode estar associada a doenças como diabetes, obesidade, doenças cardíacas, artrite e câncer.

• Alterações cardiovasculares: a depressão pode aumentar a pressão arterial, a frequência cardíaca e os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue. Esses fatores podem favorecer o desenvolvimento de doenças como hipertensão, arritmias, angina, infarto e acidente vascular cerebral (AVC).

• Alterações digestivas: a depressão pode afetar o funcionamento do trato gastrointestinal, causando sintomas como náuseas, vômitos, diarreia, constipação, dor abdominal e síndrome do intestino irritável. além disso, também pode alterar o apetite e levar à anorexia ou à compulsão alimentar.

• Alterações neurológicas: a depressão pode interferir na produção e na função de neurotransmissores como a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Essas substâncias são responsáveis por regular o humor, a motivação, o prazer, a memória, a atenção e outras funções cognitivas. A depressão também pode causar alterações estruturais no cérebro, como redução do volume da massa cinzenta em algumas regiões.

• Alterações endócrinas: a depressão pode afetar o equilíbrio hormonal do corpo, alterando os níveis de hormônios como o cortisol (o hormônio do estresse), a melatonina (o hormônio do sono), a tireoide (que regula o metabolismo) e o hormônio do crescimento (que influencia o desenvolvimento e a reparação dos tecidos). A depressão também pode afetar a regulação da glicose no sangue, aumentando o risco de diabetes.
  

• Alterações reprodutivas: a depressão pode afetar a libido, a função sexual e a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. A depressão pode reduzir os níveis de testosterona nos homens, causando disfunção erétil, diminuição da contagem de espermatozoides e redução da massa muscular. Nas mulheres, a depressão pode alterar o ciclo menstrual, causando irregularidades, amenorreia (ausência de menstruação), dismenorreia (cólicas menstruais), síndrome pré-menstrual (TPM) e menopausa precoce. A depressão também pode afetar a gravidez, aumentando o risco de aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e depressão pós-parto.

Como ajudar uma pessoa com depressão

Como foi bem dito aqui, a depressão é uma doença que afeta o corpo como um todo. Mas não apenas isso, a depressão influencia no convívio social, trabalho e muito mais.

Muito além do tratamento clínico e psicológico, existem alguns atos que você pode praticar ou sugerir para alguém que sofre de depressão,  que podem ajudar são:

• Oferecer apoio emocional: escutar com atenção e sem julgamento, demonstrar empatia e compreensão, expressar afeto e preocupação, elogiar as qualidades e os esforços da pessoa, incentivar a busca por ajuda profissional.

• Oferecer apoio prático: ajudar nas tarefas domésticas, no cuidado com os filhos ou com os animais de estimação, no transporte para as consultas médicas ou terapêuticas, na organização da rotina e das finanças, na busca por recursos e serviços disponíveis na comunidade.

• Oferecer apoio social: convidar para atividades que sejam do interesse da pessoa, respeitando seus limites e preferências, manter contato frequente por telefone ou mensagens, apresentar novas pessoas ou grupos que possam oferecer suporte e amizade, evitar críticas, cobranças ou comparações.

• Oferecer apoio à saúde: incentivar hábitos saudáveis como alimentação equilibrada, hidratação adequada, prática regular de exercícios físicos, exposição à luz solar, higiene do sono e redução do consumo de álcool e outras drogas. Acompanhar o uso correto dos medicamentos prescritos pelo médico e observar os possíveis efeitos colaterais. Estimular a participação em terapias individuais ou em grupo que possam ajudar na recuperação.

Lembre-se que a depressão não é uma escolha ou uma fraqueza da pessoa. É uma doença que pode afetar qualquer um e que precisa de tratamento adequado. Não deixe de procurar ajuda se você ou alguém que você conhece está sofrendo de depressão.