O modelo de cuidado focado no paciente, e não na doença, tem se espalhado no Brasil nos últimos quatro anos, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Thiago Trindade. Os especialistas na área, que até então eram quase todos absorvidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e atendiam famílias de baixa renda, têm migrado para o serviço privado, seja para atendimento por meio de planos de saúde ou consultório particular.
Trindade estima que dos 5 mil especialistas da SBMFC, 10% já trabalham no sistema privado. “Há cinco anos, eram só 10 ou 15 médicos de família que atendiam fora do serviço público”, diz. O crescimento do médico generalista é uma tendência mundial que surgiu como resposta à superespecialização da medicina (nos EUA, por exemplo, esse profissional é chamado de “médico concierge”).
As operadoras de planos de saúde no Brasil já estão atentas a essa tendência. Em algumas capitais, a Unimed tem um projeto piloto em que médicos de família ficam responsáveis pelo encaminhamento do paciente dentro do sistema. “Isso reduz o percurso da pessoa. Evita consultas e exames desnecessários e idas e vindas ao pronto atendimento”, garante José Ferreira, diretor de Provimento de Saúde da Unimed Belo Horizonte.