Insatisfeitos com os honorários pagos pelos planos de saúde, os médicos se mobilizam para deflagrar a partir de julho, um movimento nacional pela implantação plena da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos). Em Pernambuco, as entidades médicas já iniciaram as negociações com as empresas de medicina de grupo, setor que representa 80% dos usuários assistidos pelos convênios médicos. Os médicos credenciados aos planos reivindicam que o valor da consulta médica passe de R$ 20 para R$ 54 e que seja adotada a tabela atualizada de honorários da Associação Brasileira de Médicos (AMB). Em alguns estados, entre eles Rio de Janeiro e São Paulo, algumas especialidades médicas, como obstetras e pediatras, suspenderam o atendimento aos planos de saúde.
Representante da comissão estadual de honorários médicos, Mário Fernando Lins diz que a situação dos profissionais de saúde que atendem aos planos está insustentável. “O nó cego da questão são as empresas de medicina de grupo que estão inviabilizando o mercado”, aponta. Ele cita como exemplo os honorários de R$ 270 pagos a um obstetra para fazer um parto, seja de baixa ou alta complexidade. Nas consultas médicas os valores variam de R$ 52 pagos pelas seguradoras, R$ 46 pelas empresas de auto-gestão e a menor remuneração de R$ 20 das operadoras de medicina de grupo. “Os médicos estão fechando os consultórios porque é melhor trabalhar no programa de saúde da família ou fazer concurso público”, completa.
André Longo, presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremepe), adianta que já existem descredenciamentos espontâneos de médicos dos planos de saúde, situação que poderá se agravar a partir de julho. O divisor de águas será o encontro nacional das entidades médicas que acontecerá em Brasília, quando será deflagrado o movimento nacional pela valorização dos honorários médicos no setor privado de saúde. Enquanto isso, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco realiza reuniões setorizadas com representantes das especialidades médicas e das operadoras, para buscar uma saída negociada. “A insatisfação dos médicos é geral diante da prática de tabelas inferiores à CBHPM”, reforça.
O presidente regional da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge), Flávio Wanderley, diz que as operadoras já começaram as negociações com as entidades médicas e esperam chegar a um acordo. Ele reconhece que existe a insatisfação de algumas especialidades médicas, e cita o descredencaimento dos urologistas em Alagoas. Em relação ao valor da consulta, Wanderley informa que o valor médio pago pelas empresas do setor é de R$ 40. “As empresas de medicina de grupo pagam menos porque tem rede própria e contratam os seus médicos pela CLT”.
Movimento semelhante foi deflagrado pelos médicos há seis anos, quando algumas especialidades médicas entregaram cartas de descredenciamento em bloco aos planos de saúde. Na época, os profissionais brigavam pela implantação da primeira versão da CBHPM. Os usuários foram penalizados porquetinham que pagar pelas consultas e depois correr atrás do reembolso até que as partes chegassem a um acordo.